Escreveu a Yla sobre o aeroporto da sua cidade.
Na cidade de Tete, minha terra natal, havia dois acontecimentos anuais, lá nos tempos, faz muito tempo já: a chegada da canhoneira resfolegante com suas rodas taf-taf-taf carregada de cocos e vinda do Chinde e a chegada do avião da então DETA, hoje LAM. Acho que todos esperávamos esses momentos empolgantes, mágicos, o barco e o avião, vindos de misteriosos lugares de sonho. Com espanto e esperança descascávamos momentaneamente a rotina quente - porque quente, mesmo quente é a minha terra -, virávamos brisa e no barco e no avião semeávamos aquela esperança viva das terras pequenas: a de conhecer o horizonte um dia. Partido o barco, voado o avião, Tete voltava a enroscar-se na mansidão da vida, Zambeze na rotina, serra da Caroeira mirando-nos preguiçosa, embondeiros cuscando o tempo, espíritos manhungwe saciados por algum tempo.
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