terça-feira, 18 de maio de 2010

Lotado


Ônibus coletivo é quase um laboratório.
A senhora acima do peso parecia constrangida pelo espaço que ocupa desde que entrou. Mal havia entrado, ainda em pé, uma outra cedeu lugar para ela sentar-se. Sentada pareceu continuar aparentemente incomodada, ou melhor, desacomodada, face ao visível aperto.
A bolsa da senhora em pé junto a ela quase a açoitava nas curvas sinuosas, sem que esta desse por si e sem que ela a avisasse ou interviesse (poderia ter-se oferecido para carregar a bolsa da senhora, favor comum por aqui com estudantes que levam livros, pessoas que levam sacolas, etc), aceitando os açoites passivamente.
Eu estava de frente para ela, quando percebi que troca de olhares de mais de um segundo é quase um insulto publicamente (quando não se está flertando abertamente, claro). Evitei observá-la tanto quanto pude mas não consegui, daí a foto acima, tirada com o celular disfarçadamente, manipulando-o como se escolhesse as músicas que nele ouvia com meus fones de ouvido.
O que a tiraria daquele desconforto tão grande?, pensei. Antes, o que o causava? Seria apenas o sobrepeso? Ou por baixo daquela camada sobre ela haveria bem mais incômodos mal disfarçados, inimaginados por nós?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Nomes



Em Jaraguá do Sul (SC) e talvez em todo estado catarinense, as lojas de lavagem de carro se chamam "lavação". Cerca de 1.000 km ao Norte, em Campo Grande (MS), chamamo-las "lava-a-jato". Parece algo bobo, mas referir-se a qualquer um desses termos na localidade errada causa mesmo um ruído na comunicação. Brasil, não; "Brasis".