segunda-feira, 9 de março de 2009

Grande Campo

Camping. Chegar antes do anoitecer para montar a barraca, pressa. Primeiro dia, disposição. Tomar banho frio com alegria, ouvindo conversas alheias. Uma adolescente conta em tom de desabafo como é ridicularizada na sua turma da escola por ser evangélica. Deitar no colchão de ar sob o céu estrelado, ser nada no infinito. Esquecer talheres, comer na panela do vizinho. Parceria. Horizonte verde, sobe e desce dos campos em ondas a perder de vista, reduzir-se. Chuva inesperada, correria, "guarda a toalha!".
Jovens nas barracas ao lado invadem meu sonho ao adentrarem a madrugada falando do futuro, ela ainda vai fazer outra faculdade, ele não quer perder o foco no estudo durante esse ano. Andam sempre em blocos, sempre juntos. Gargalham de um tombo, flertam entre si. Sutilezas. Trouxeram consigo montes de biscoitos doces recheados, raramente estão com as mãos vazias, bocas sempre ocupadas, a falar, a comer - a beijar? -, fome de vida. Quase zumbis pela manhã, elétricos à noite.
Desmontar barracas, não deixar rastro de presença, recolher pertences, despedir-se. Voltar à vida de muita informação e pouco contato, do "eu" gigante e espaçoso, do falho olhar. Não. Seguir a viajar na vida, a vidar nessa longa viagem.

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